O meu maior segredo...

Gente, eu amei esse texto. Ele está na edição 1095 de abril, da revista Capricho, página 10. Aqui vai ele:

Aparentemente nem tomar sorvete era seguro agora. Alana continuava apontando para o ponto atrás de mim em que eu SABIA que ele estava.
- Olha! - repetia - Olha, o Pedro!
- Eu sei, Alana - falei entre dentes.
Segurei a mão dela e fiz com que abaixasse o dedo.
- Mas... eu achava que vocês tinham terminado de maneira civilizada e fossem amigos.
Ri pelo nariz.
- Alana, minha querida. Deixa eu contar o que REALMENTE aconteceu naquele verão maluco entre eu e ele.
Minha amiga assentiu, supercuriosa para saber a verdade.
- Você se lembra do acampamento que eu fui? Bem, de fato Pedro era a única pessoa normal. O resto era um bando de esquisitos que uivavam pra lua e tal.
Não foi nenhuma surpresa ficarmos amigos. Afinal, teríamos que passar um mês inteiro na companhia dos outros loucos, e foi ótimo encontrar uma gota de sanidade naquele mar de maluquice.
Pedro e eu éramos um ótimo par, fazíamos tudo juntos. E... Lana, você tem que prometer que não vai contar isso para ninguém. É superconfidencial.
- Eu prometo - sussurrou, os olhos arregalados.
Bem, nossas qualidades chamaram a atenção do... FBI. Eles queriam uma dupla de jovens para fazer missões estranhas e nós éramos o par perfeito.
Combatemos vilões. Restauramos a paz. Heróis silenciosos era como nos chamavam porque ninguém sequer percebia que estava em perigo quando o salvávamos.
O FBI queria muito que continuássemos a trabalhar para eles, mas isso significava parar de estudar na escola normal. O Pedro disse ''Nem pensar!'' e eu disse que não podia abandonar você.
Depois de muita insistência sem resultados, eles nos deixaram ir... com UMA condição: teríamos que manter segredo sobre tudo que aconteceu. Eu até falei: ''mas que conto tudo para Laninha!'', mas o chefão do FBI apenas riu de mim.
Alana, essa mentira tem me corroído por dentro. Foi Pedro que inventou, e eu jurava que você não iria acreditar, mas caiu como uma luva.
Aquela semana que saímos depois do acampamento foi pura farsa, amiga. E nós não terminamos porque as aulas complicaram os nossos encontros. Foi porque ele arranjou outra garota, uma garota de verdade, não uma namoradinha de mentira, como eu era.
Então nós brigamos. Eu disse que ele estava estragando o disfarce. Ele disse que eu estava sendo uma chata. O FBI tomou o partido dele e fiquei com cara de tacho. Agora SONHA que eu vou falar de novo com ele.
A Alana me olhava de braços cruzados. Ela não tinha acreditado nadinha naquela história de FBI, agente secreto e disfarces. Ergueu uma sobrancelha.
- O que REALMENTE aconteceu?
Abaixei a cabeça e suspirei, derrotada.
- Eu me apaixonei.

Autora: Julia Braga Tourinho